Atividade diagnóstica realizada no Google Forms - 5º módulo

Projeto - Produção de texto potencializada em espaços digitais: tessitura da viabilidade dos multiletramentos na escola – Prof. Jeffersson Dias Duarte.


Nome da equipe de pesquisa: _____________________________________________________
Quais as diferenças entre os textos? Lembre-se; o primeiro se aproxima do discurso científico e o segundo do discurso literário. Com sua equipe, verifique as características de cada um e relate no espaço deixado após os textos.


Texto 1 – relatório escolar de exp. Científico


Texto 2 – conto

Título do projeto: Germinação do feijão
Trabalho de investigação do aluno:
Escola:
Série:
Professor:

I. PROPÓSITO DO PROJETO E HIPÓTESE

Eu gostaria de apresentar aos colegas de escola uma pesquisa científica envolvendo o brotamento de feijões. O propósito do projeto será verificar "quem brota primeiro": feijão umedecido com água de torneira, com chá ou com água salgada.
Minha hipótese é que os grãos de feijão umedecidos com água de torneira irão brotar mais rapidamente do que aqueles umedecidos com chá ou com água salgada.

II. METODOLOGIA

Primeiro eu apresentei meu propósito e destaquei minha hipótese. Para iniciar meus experimentos, separei três feijões bem formados; coloquei um deles envolvido com algodão embebido em chá, outro em algodão embebido em água de torneira e o último em algodão embebido em água salgada.
Diariamente eu examinei os feijões e mantive, cada um deles, com seu algodão devidamente embebido (chá, água e água salgada). Com isso, pude observar qual feijão brotou em primeiro, em segundo e em terceiro lugar.
Repeti o experimento mais duas vezes, começando desde o princípio, pela escolha de três feijões bem formados.
Feito isso, analisei meus dados e preparei esse Resumo, sua Conclusão e Aplicação.

III. ANÁLISE DOS DADOS

O feijão na água de torneira brotou em segundo lugar no primeiro ensaio, em primeiro lugar no segundo ensaio e em terceiro lugar no terceiro ensaio (2º, 1º e 3º).
O feijão na água salgada brotou em terceiro lugar no primeiro ensaio e em segundo lugar nos dois ensaios seguintes (3º, 2º e 2º).
O feijão no chá brotou em primeiro lugar no primeiro e terceiro ensaios e em terceiro lugar no segundo ensaio (1º, 3º e 1º)

IV. RESUMO E CONCLUSÃO

Como o feijão embebido em algodão com chá ganhou a parada, tendo brotado em primeiro lugar em dois dos três ensaios, eu rejeito minha hipótese na qual havia declarado que o feijão embebido em água de torneira brotaria em primeiro lugar. Feijão regado a chá brota mais rapidamente que o regado com água de torneira ou com água salgada.

V. APLICAÇÃO

Considerando que agora eu tenho essa nova informação, poderei orientar melhor quem precisar dela. Os japoneses, por exemplo, que cultivam muito o broto de feijão poderão se utilizar dessa informação.

Felicidade clandestina

      Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
     Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
     Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
    Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
    Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
    Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
    No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
    E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
    Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
    Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
    E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser. ”Entendem? Valia mais do que me dar o livro: pelo tempo que eu quisesse ” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
    Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
   Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
    Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Clarice Lispector
Fonte: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.














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